José Francisco dos Santos
No próximo dia 25 de maio comemora-se o Dia Nacional
da Adoção. A data tem por finalidade chamar a atenção da sociedade para o
grande número de crianças e adolescentes que estão privados da pertença a uma
família, por terem sido abandonados ou retirados de suas famílias de origem, em
virtude de violência ou negligência dos pais ou responsáveis.
Crescer em uma família é fundamental para a saúde
física e emocional de qualquer ser humano. A família tem a finalidade de
proteger o novo ser das ameaças que atentam contra sua integridade e prepará-lo
para viver sua humanidade de forma sadia e produtiva. Fora do ambiente familiar
é grande o risco de se perder no emaranhado de armadilhas que existem com a estrita
finalidade de destruir os valores que prezamos.
Adotar uma criança sem lar é um gesto importante, e
fomentá-lo é a principal finalidade deste “Dia Nacional”. Porém, a data nos faz
ver também o reverso dessa situação. Se há quem busque a adoção por não ter
filhos biológicos, há quem os tenha por natureza, mas talvez não os tenha
“adotado” realmente. Muitas crianças vivem em suas casas, quiçá com muito
conforto e comodidades, mas ressentem-se de não terem sido ainda realmente
“adotadas” por seus pais. A paternidade e a maternidade requerem uma atitude
contínua de atenção responsável, de carinho e cuidados, mas também de
acompanhamento, correção, orientação. Alguns casos são extremos e ensejam a intervenção do
Estado para destituir o poder familiar dos pais e recolher as crianças em
abrigos, até entregá-las a famílias substitutas. Mas a atenção não pode se
focar apenas nesses casos extremos. Tenho acompanhado o trabalho hercúleo dos
nossos conselheiros tutelares e a enormidade de ocorrências envolvendo crianças
e adolescentes, ou por estarem em local inadequado em hora inadequada, pelo
consumo de entorpecentes ou pelo envolvimento em casos de violência, como
agressores ou vítimas. Recentemente ouvi acerca do caso em que um pai foi
flagrado no automóvel, consumindo cachaça, crack e outras drogas com filhos
menores de onze anos. A cada vez mais
precoce iniciação sexual e o uso de drogas e álcool já na infância também fazem
parte da realidade estarrecedora desses nossos tempos ultramodernos.
Não há fórmulas prontas para se evitar todos esses
males e, infelizmente, todos estamos vulneráveis a eles. Mas quando a família
atua de forma positiva, já teremos um bom trecho do caminho percorrido. Tenho a
impressão de que as crianças estão se desligando cedo demais dos laços afetivos
e da autoridade da família. Sem estrutura física, psíquica e emocional
suficiente, estão sendo expostas a todo tipo de situações, imagens e
experiências que contaminam sua vida interior.
O espírito da adoção é exatamente o de assumir a
responsabilidade de pais e mães em meio a esse caos, para que nossos filhos -
não importa o modo como chegaram a nós – tenham uma chance se sobreviverem,
serem felizes e levarem adiante, na formação de suas próprias famílias, a
humanidade que sonhamos construir.
Fonte: www.municipiodiaadia.com.br
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