terça-feira, 22 de maio de 2012

O direito de ter e ser família

José Francisco dos Santos

No próximo dia 25 de maio comemora-se o Dia Nacional da Adoção. A data tem por finalidade chamar a atenção da sociedade para o grande número de crianças e adolescentes que estão privados da pertença a uma família, por terem sido abandonados ou retirados de suas famílias de origem, em virtude de violência ou negligência dos pais ou responsáveis.
Crescer em uma família é fundamental para a saúde física e emocional de qualquer ser humano. A família tem a finalidade de proteger o novo ser das ameaças que atentam contra sua integridade e prepará-lo para viver sua humanidade de forma sadia e produtiva. Fora do ambiente familiar é grande o risco de se perder no emaranhado de armadilhas que existem com a estrita finalidade de destruir os valores que prezamos.
Adotar uma criança sem lar é um gesto importante, e fomentá-lo é a principal finalidade deste “Dia Nacional”. Porém, a data nos faz ver também o reverso dessa situação. Se há quem busque a adoção por não ter filhos biológicos, há quem os tenha por natureza, mas talvez não os tenha “adotado” realmente. Muitas crianças vivem em suas casas, quiçá com muito conforto e comodidades, mas ressentem-se de não terem sido ainda realmente “adotadas” por seus pais. A paternidade e a maternidade requerem uma atitude contínua de atenção responsável, de carinho e cuidados, mas também de acompanhamento, correção, orientação.  Alguns casos são extremos e ensejam a intervenção do Estado para destituir o poder familiar dos pais e recolher as crianças em abrigos, até entregá-las a famílias substitutas. Mas a atenção não pode se focar apenas nesses casos extremos. Tenho acompanhado o trabalho hercúleo dos nossos conselheiros tutelares e a enormidade de ocorrências envolvendo crianças e adolescentes, ou por estarem em local inadequado em hora inadequada, pelo consumo de entorpecentes ou pelo envolvimento em casos de violência, como agressores ou vítimas. Recentemente ouvi acerca do caso em que um pai foi flagrado no automóvel, consumindo cachaça, crack e outras drogas com filhos menores de onze anos.  A cada vez mais precoce iniciação sexual e o uso de drogas e álcool já na infância também fazem parte da realidade estarrecedora desses nossos tempos ultramodernos.
Não há fórmulas prontas para se evitar todos esses males e, infelizmente, todos estamos vulneráveis a eles. Mas quando a família atua de forma positiva, já teremos um bom trecho do caminho percorrido. Tenho a impressão de que as crianças estão se desligando cedo demais dos laços afetivos e da autoridade da família. Sem estrutura física, psíquica e emocional suficiente, estão sendo expostas a todo tipo de situações, imagens e experiências que contaminam sua vida interior.
O espírito da adoção é exatamente o de assumir a responsabilidade de pais e mães em meio a esse caos, para que nossos filhos - não importa o modo como chegaram a nós – tenham uma chance se sobreviverem, serem felizes e levarem adiante, na formação de suas próprias famílias, a humanidade que sonhamos construir.

Fonte: www.municipiodiaadia.com.br

Nenhum comentário: